60 Faixas.... "minha neguinha" -- CIBELLE -- The Shine of Dried Electric Leaves (2006)
Cibelle, ma belle. Não é simples explicar de onde esta rapariga vem, e é determinantemente impossível saber para onde vai. Estreou-se nas lides musicais em 2003 pela mão de Suba – produtor entretanto falecido – num álbum assente numa visão fortemente electrónica da música popular brasileira. Desde então, Cibelle mudou. E com ela, a sua música. O seu segundo álbum, auspiciosamente intitulado "the Shine of Dried Electric Leaves", é um exercício raro no panorama musical brasileiro. Há muito que a MPB não se via forçada a respeitar o património sonoro que mais frequentemente despreza: o silêncio.
Seguidora devota de Tom Waits, em virtude de nele ver um artista com um legado musical cheio de identidade (que se dane quem discorda dela!) Cibelle parece estar a começar a dar os passos necessários no sentido de se afirmar, também ela, pela sua originalidade. Seja então este o álbum, o pilar fundador para aquilo que se pretende que venha a ser a sua visão radicalmente pessoal, e por isso necessariamente original, da música.
Segue Cibelle… juntando recortes de electrónica minimalista a linhas de guitarra em modo bossa, colando trechos de samba a harmonias (presumivelmente) rendilhadas num xilofone fischer-price, empilhando finas camadas de tropicalismo e de humor, decidida a submeter o mundo um recomendável arrepio na espinha. Para além de fazer deste álbum um conjunto de uma coerência a toda a prova – chega a parecer criminoso disponibilizar uma única faixa no nem1nome – Cibelle conseguiu ainda resgatar dois prestigiados amigos para concretizar duas canções que são, sobretudo, dois momentos de inebriante beleza. Em cerca de dez minutos consegue fazer Devendra Banhart largar o seu vibrato de marca para cantar como o melhor Caetano Veloso na imperdível London, London – cover de um original de… Caetano Veloso – e seduz Seu Jorge a gritar “o amor” vezes sem conta – talvez este feito não seja tão impressionante quanto isso, tendo em conta que Seu Jorge não é sujeito de papas na língua – para valorar um tratado sentimental sangrado que dá pelo nome de Arrête là, Menina.
Qualquer uma destas canções é brilhante na forma como alia o capital criativo desta gente a uma linguagem global – a produção tem uma palavra rebuscada a dizer neste aspecto – e a um não menos que dramático tom confessional. A boa notícia é que estas faixas não destoam, nem se destacam, das restantes canções que compõem esta colecção. Cibelle pega na guitarra, dá corda à caixa, espreme o piano e programa a batida certa… mas no final agarra-se a uma flauta que desafina. Naturalmente. É que desafina muito, o coração dessa menina.
CIBELLE "MINHA NEGUINHA" .... o mundo levanta voo aos 02:31.
4 Comments:
vc pirou né?
o cd ta muito bom...
conheço cibelle ha muito tempo,o som dela é divino...
a nova musica brasileira,muisca boa,coisa q os brasileiros nao tem,bom gosto.
pirei mesmo munch! grande som, grande álbum. Do melhor que este ano já nos deu.
pronto tanto chateei que tinha obrigação de vir deixar aqui um comment anónimo, eh eh eh! sim sim esta menina é muito interessante, o 1º album dela foi o 'meu' summer album 2004 e este para lá caminha. joana
Volta cibelle, tás perdoada!!!!
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