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4.5.06

61 faixas.... "since i left you" - THE AVALANCHES -- Since I Left You (2000)

Decorria o ano de 2000 quando os Avalanches ofereceram ao mundo “since i left you”. Na altura, como agora, discutia-se a validade do sample, a amostra de música que o destino tornou centro de uma discussão em loop: sample como (não) arte roubada vs sample como arte reconstruída. Não são poucos os exemplos de aproveitamentos parasitários de samples usados para construir faixas que nada têm de novo e que facilmente se poderiam engavetar na categoria das versões. Assim será em alguns casos. Noutros, porventura, verifica-se o oposto. Sobressaem pois os casos em que os samples foram utilizados para adornar/ estruturar/ conceber (risque o que não interessa) obras contemporâneas e maiores. É difícil discorrer sobre sampling e não fazer referência ao hiphop, mas é precisamente isso que se vai fazer.


Para compreender e desfrutar da grandiosidade deste efusivo e electrónico monumento, que tão atempadamente os Avalanches resolveram erigir, não o basta aceitar como uma excentricidade bem conseguida por um grupo de melómanos com demasiado tempo livre. Assim como não basta saber que para compor o dito monumento foram utilizados cerca de 900 samples distintos, por entre material vinílico basicamente fossilizado – e por vezes de segunda categoria – e pérolas da pop contemporânea [acena discretamente à madonna]; ou que o single “frontier psychiatrist” se construiu sobre dezenas de samples de spoken word e que o relinchar equestre que bastas vezes se faz ouvir neste álbum chega a parecer natural. É óbvio que não basta saber isto para se perceber o alcance de um álbum que o tempo tratará de carimbar como histórico… não basta, mas ajuda. Se há um fio condutor ao longo deste trabalho, esse fio é bem inspirado. O sample acaba por ser uma questão menor quando posta em perspectiva: este conjunto é estupidamente maior que a soma das partes!



O mais engraçado de tudo isto é que, apesar da alarve quantidade de excertos usurpados a terceiros, os Avalanches conseguiram construir um todo de uma coerência que chuta para canto expressões como colagem ou manta de retalhos. Impressionante, impressionante, impressionante. Porquê? Porque quem evoca, em cerca de 30 segundos, a partida de um navio a vapor no Mississipi, um contrabaixo de cordas relaxadas, uma perseguição empoeirada em modo western spaghetti e um circo de nómadas e dezperados a montar tenda no México (como?), arrisca-se – à grande, já agora – a ser inconsequente. Felizmente para quem ouve, a inconsequência não é para aqui chamada.

Escolham então o vosso melhor chapéu, encham o garrafão, ensaiem 3 passos de dança e deixem-se levar: nesta casa a festa escreve-se sobre linhas tortas.

THE AVALANCHES "since i left you"

1 Comments:

Blogger andrzej said...

Bailando con los Avalanches y una jarrra de rebujito hasta las 9 de la mañana!! Grande Escuro, continuamos a ter um fraque na agenda! Com sorte conciliamos essa aventura com um concerto qualquer na noite lisboeta.. Grande Abraço!

2:28 da tarde  

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