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27.11.05

73 faixas…. “all the wine” – THE NATIONAL– Alligator (2005)

A guitarra eléctrica é bastas vezes vista como um instrumento maldito… isto apesar de continuar a ser popaliticamente fulcral nos dias que correm. Não é de estranhar… é verdade que na história da música a guitarra eléctrica está associada a momentos irrepetíveis, mas também a alguns momentos não menos que execráveis.

Assim de repente ocorrem-me algumas coreografias hard rock, uns quantos virtuosos gurus do riff – aqueles que precisam de meia hora de masturbação técnica para chegar a um projecto fracassado de canção – e ainda as vítimas dos power chords, que desde há muito deixaram de precisar do polegar oponível para tocar guitarra. Por estas e por outras, há muitos anos que a guitarra eléctrica se tem vindo a contentar com planos secundários nas lides musicais, e a própria figura do guitar hero está morta e enterrada. Não será assim em absoluto, mas a verdade não anda longe daqui… e se vamos falar da distorção, o caso ainda é mais grave. Para agravar ainda mais a situação para os lados da guitarra, instituiu-se a ideia de que a orquestração e a complexidade de arranjos são sinónimo de maturidade e riqueza musical. Uma banda evolui, amadurece, logo grava um álbum com uma orquestra sinfónica ou reduz a sua música a um formato acústico e sóbrio. Intimidade, ao que parece.

Parece estranho, mas a questão até é simples… vivemos na ressaca de uma década synth e de veneração doentia pelo plástico – 80’s – e de uma outra em que o grunge nos fez o favor de impingir a ideia de que a guitarra é uma mera arma de arremesso – sim, os 90’s. Assim, a formalidade e o classicismo nos arranjos é a resposta – completamente descabida, é certo – que se arranjou. Hoje em dia o arranjo é posto, e pronto. Tudo o que soe a veludo soa bem, e soar bem chega. Smooth jazz, chill, pop de câmara, rock maduro…etc, etc.

Posto isto, é com natural contentamento que se voltam a ouvir guitarras distorcidas a crescer e a empurrar canções rumo à perfeição. Podia estar a falar das guitarras “angulares” e viciantes dos arquiduques, ou das múltiplas reinvenções punk enxertadas em electrónica… mas não estou. Podia até estar a falar de riffs samplados para dar corpo a hinos hippity hop, ou da revivalista geração “The”… mas não estou. Estou a falar de uma enternecedora crueza de afectos, de soluções harmónicas simples, de vozes apaixonadas, e de uma secção rítmica pulsante (uma formação clássica, vejam lá!). Estou a falar de seis cordas ao serviço do assobio no chuveiro e de letras que são autênticos desfiles de punchlines a adoptar como mote de vida, estou a falar daquele antigo esquema de ter que viver só de três acordes e a verdade!!! Está visto que os The National são, conceptualmente falando, uma autêntica banalidade. Não têm nada de novo para nos mostrar, e aparentemente até carregam consigo alguns clichés bem gastos – sexo, drogas, rock ‘n live the dream. Mas a verdade é que esta banda tem uma qualidade que falta a muitos pretensos renovadores e visionários e que se encontra em abundância nestas célebres premissas que regem essa coisa estranha e deliciosa que é o sonho rock ‘n roll … os the national não sabem fazer música que não seja absolutamente viciante. Isto sim, é intimidade.

the national "all the wine"

PS: Demorei vários dias a escolher a música para disponibilizar aqui no blog. Hoje foi esta, amanhã seria outra, e depois de amanhã ainda outra. Ficou esta, porque esta musica orgulha-se de ter a melhor letra do mundo sobre a embriaguez, e sobre a embriaguez das emoções. Punch-drunk love, sing-along!!!

2 Comments:

Blogger lia said...

Essa música causa-me arrepios, e não é de frio ;)

Parabéns pelo belogue! :)

9:43 da manhã  
Blogger andrzej said...

Obrigado batatinha!

2:30 da tarde  

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